As montanhas, o trem, o porto: a trilha do minério

January 20th, 2013Trilha do minérioNenhum comentário »

por Mateus Fagundes e Simião Castro

Luís Fernando Veríssimo diz que “a gente ri quando dói”. E o que dói em Mariana – onde está o curso de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – é a extração do minério de ferro. Por vezes visível outras nem tanto, mas determinante em nosso dia a dia, sentimos na pele os efeitos da atividade mineradora. Doeu! Mas rimos disso ao perceber que estava ali nosso tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – o que, geralmente, assusta os estudantes: “que assunto tratar? É o trabalho que sintetiza o que aprendi em quatro anos!” A Trilha do Minério se mostrou um desafio a percorrer. E só conseguimos pensar nela dividida em capítulos. Episódios de uma reportagem em série que começa hoje.

Acontece que, tal qual o “efeito borboleta”, não era possível falar do minério de forma localizada, sem considerar que estávamos em uma das regiões mais importantes – senão a mais importante – em mineração do Brasil. Sem voltar três séculos na história e olhar como isso começou nos garimpos de ouro. Não bastava dizer apenas que, hoje, o Quadrilátero Ferrífero – do qual Ouro Preto e Mariana fazem parte – ainda é polo de extração, principalmente com a mineração de ferro. Para entender como ela afeta este lugar – e os outros por onde passa – era preciso acompanhá-la, segui-la, trilhar junto com ela os mesmos caminhos. Investigar os meandros da atividade, as questões sociais, ambientais, econômicas e políticas que envolve. Viajamos – figurada e literalmente!

O ponto de partida estava dado: as montanhas onde a extração é feita. O meio do caminho também: os minerodutos e o trem, por onde essas montanhas de minério são transportadas. A chegada, como não poderia deixar de ser: o porto, onde as nossas “ex-montanhas” são embarcadas para o exterior.

Uma das alternativas que você tem para nos acompanhar nessa viagem é seguir a trilha que propomos traçar. Orientar-se pela nossa ordem das postagens, pelo caminho que optamos por seguir. Mas você pode começar por onde quiser – especialmente se chegou aqui depois que postamos tudo. Navegue pelas cidades, pelos temas, pelas tags. Faça seu próprio percurso. Defina sua própria partida e destino.

Essa foi uma das razões por que escolhemos a Revista Dois Pontos para abrigar a reportagem. Ela já existia antes do TCC, e continuará existindo depois dele. Sempre trata de temas amplos e abrangentes. Fornece espaço para hospedar qualquer assunto. E é suficientemente dinâmica para permitir tantas abordagens quanto desejarmos. E maleável para nossas experimentações.

Escolhido o tema, tratamos de desbravá-lo. Cavamos fundo. Mineramos dados, arquivos, documentos. Garimpamos histórias, pessoas, lugares. Isso tudo na busca pelo melhor da informação, o melhor tratamento. Dar a ela o beneficiamento necessário para que pudéssemos apresentá-la da melhor forma que nossas ferramentas poderiam fornecer, com o humilde anseio de devolver àqueles lugares que nos receberam, as expectativas depositadas em nós.

Em mais de 1200 km percorridos de trem, ônibus, carro ou à pé, nos deparamos com as várias dimensões que a questão da mineração e sua cadeia produtiva envolve. Por um lado, traz recursos e estimula investimentos. Por outro, deixa uma estrutura econômica dependente e traz prejuízos de ordem ambiental e social. Encontramos com pessoas que estão envolvidas na luta questionadora do modelo adotado e que não o veem como uma única alternativa para o desenvolvimento. E é nisso que acreditamos.

Veja também
Minerar é preciso? 

Trilha do Minério
Projeto Experimental do curso de Jornalismo da UFOP

Estudantes
Mateus Fagundes
Simião Castro

Professor Orientador
Ricardo Augusto Orlando

« Um mandato, cinco prefeitos, sete governos
Minerar é preciso? »

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