Editorial

Uma questão de ponto de vista
10 de Maio de 2011

A história do início da TV brasileira guarda relatos que mais parecem tirados de um bom livro de ficção que de biografias de pioneiros. Uma delas foi a de que toda a equipe da PRF-3 TV Tupi de São Paulo só se deu conta de que não tinha nada programado para o dia seguinte quando a noite de 18 de setembro de 1950 se encerrou – com apenas duas câmeras, um chefe bêbado e a ausência de Hebe Camargo, que tinha um encontro marcado justo na hora em que as emissões regulares de TV no Brasil começaram.

Você, leitor assíduo da Revista Dois Pontos, deve estar se perguntando o porque de nós voltamos ao assunto das histórias que não sabemos se são verdade ou não – tema da nossa estreia, mês passado. Antes que você abra uma janela no Youtube e assista ao vídeo da enésima quinta criança que emocionou o mundo com sua voz espetacular, pode se acalmar. Fica, vai ter bolo!

Diferentemente de Assis Chateaubriand e sua turma, que estrearam a TV de um jeitinho bem brasileiro de ser, nós da equipe da Dois Pontos estávamos matutando há muito tempo o que seria de nosso mês de lançamento, e mais que isso, os seguintes.

Noites e páginas se passaram e nós pensamos em oferecer a você uma viagem. O destino: Paris. Nosso correspondente em Foz do Iguaçu Garon Piceli viajou até a França e de lá nos mandou um excelente relato sobre conflito de culturas. Conflito: como seria se você deixasse todos os seus hábitos alimentares de lado e topasse a experiência de ser vegetariano. Pois Deborah Dias aceitou o desafio e lançou-se nessa dieta.

Mas nós sabemos que você é exigente. E, pensando nisso, propusemos música para você se acalmar. Assim, não perca o ensaio sobre a visita da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais a Mariana. E também nosso post mais popular até hoje – que você já deve ter visto! – a entrevista com Fernando Anitelli d’O Teatro Mágico.

Você viu que estamos bem diversificados. Falando nisso, já notou como nossas cores são vivas e variadas, não é? Isso é para que você não saia correndo achando que está lendo uma bula de remédios. E também somos descontraídos. Queremos que você venha, leia, informe-se, participe e, quem sabe, até marque um chá com nossa equipe. Ainda que virtualmente – você com sua webcam e nós com as nossas.

Acima de tudo, se tem algo que nós queremos que você encontre sempre aqui é síntese e dinamismo. Estamos nos atrevendo a fazer produtos leves, interativos e que digam a que vieram. Propomos olharmos juntos – olhar de maneira diferente, vendo as outras possibilidades das situações. Clichê, mas você gosta – a prova é de que o vídeo da criança cantora está esperando o fim deste editorial para ser assistido.

Pensemos juntos, pois, os nossos próximos desafios.

Mateus Fagundes

É hoje
1º de Abril de 2011

Há quase um ano uma ideia nascia. Modesta, pouco pretensiosa, mas forte, intensa. Uma ideia vinda, como todas as ideias, de uma inspiração. Assim começou o sonho da criação da Revista Dois Pontos. Uma vontade que me atormentou por três dias durante o final da semana santa do ano passado.

Na quinta-feira santa descobri, e sequer lembro-me como, a Revista Sete Fios, produzida por estudantes de jornalismo da Universidade de São Paulo (USP). A primeira impressão foi um “que legal, muito interessante”. Li algumas matérias e continuei navegando na internet – passatempo e quase vício.

Porém, uma vontade, vinda não sei de onde, dizia-me para fazer algo como aquilo. Algo interessante, bacana, diferente. No sábado de aleluia me decidi: vou fazer, ou mudo de nome. Posso não gostar muito do meu nome, mas aprendi no Tiro de Guerra que missão dada é missão cumprida. Tratei de cumprir a minha. Como fazer isso pouco importava.

Desde então comecei a me movimentar. Procurei parceiros, colegas de curso, para compor um grupo que manteria viva a webrevista, e tentei, tanto quanto pude, estudar para tentar compreender esse veículo que não é nem a revista tradicional – impressa -, nem um site de notícias. Confesso que ainda não consegui, mas estou na luta.

Nesse caminho encontrei com muitos entusiastas e amigos: sem eles a realização desse sonho seria impossível. Como não citar a professora Adriana Bravin, incentivadora desde o início, bem como a outra professora, Marta Maia, sempre preocupada com o ‘pensar sobre o fazer’? Como deixar de citar o Mateus, que comprou a ideia assim que soube e vai enfrentar a peleja de ser editor desta webrevista ao meu lado? Impossível não falar do Alisson, que indicou a Thaís, desenvolvedores que tornaram a Dois Pontos tecnicamente possível. E o Abelardo, que hospeda o site de forma voluntária e gratuita. Sem esquecer do Micael, que salvou a “Você na Dois Pontos.”

Não se pode também deixar de falar na orientação providencial dos professores Ricardo Augusto e Joana Ziller. A todos vocês e à equipe de repórteres tenho apenas duas palavras: muito obrigado. Acreditem, são palavras que não contêm toda minha gratidão. Deixei de ser um sonhador, passamos a ser vários!

Finalmente
Chegou o dia. Depois de idas e vindas. Depois de dias empreendidos em discussões sobre o nome, qual melhor layout adotar, fazer ou não seções com nomes personalizados, promessas de lançamentos, enfim, entramos no ar. E propositadamente em 1º de abril. Afinal de contas, depois de três ou quatro “falsas” datas, desta vez é verdade! Cabe aqui uma ressalva. Não entramos no ar antes porque quisemos, sempre, oferecer o melhor. Acreditamos que, agora sim, temos o mínimo suficiente para valer a pena entrar no ar, ou na rede.

Por essa razão, trazemos hoje duas matérias que procuram falar do falso e do real. Mas mais que isso, questionar o quanto possível é distinguir entre um e outro. Os fatos nem sempre são, de fato, fatos. E é simplesmente impossível haver uma história com um único viés, quanto mais um só viés verdadeiro. Não que a mentira seja absoluta, não. Mas o que é a verdade se não um ponto de vista?

Dá para dizer que extraterrestres – inteligentes – existem? E da mesma forma, é possível dizer que não existem? O que se pode fazer é acreditar, ou não, nos relatos a que temos acesso. Ou naquilo que nos deixam saber.

O mesmo pode ser dito sobre os casos curiosos que trazemos na outra matéria. A verdade pode sofrer por contradições ou desencontro de informações. A verdade está sujeita a argumentação e discussão. Aquilo que hoje é considerado real, amanhã pode ser desmentido. O que fica é a máxima de duvidar dos próprios olhos, e nunca comprar como verdadeira uma história, só por que lhe dizem que é. Nossa missão é, portanto, tentar mostrar versões, sempre compromissadas e isentas, mas deixar a conclusão para você.

Uma parte do que somos
Por tempos pensei no que seria a Dois Pontos. A resposta óbvia é: webrevista. Ok! Mas falei disso ali acima. O que é uma webrevista? Sinceramente, ainda não sei. Mas pretendo descobrir. E é isso que a Dois Pontos é para mim. Ela é um espaço. Explico:

Uso “espaço”, sem complementos, porque assim ele se torna amplo. Espaço para experimentar, essencialmente, descobrir. Espaço para informar. Espaço para entreter. Espaço para construir. Espaço para desconstruir. Espaço para divertir. Espaço para compartilhar. Espaço para interagir… Mas mais que tudo, espaço para errar. Sim! Dou esse direito a todos, e peço desculpas adiantadas. Este é um espaço para tentativa e erro. Tentativa, porém, sempre, sempre, sempre³… na busca pelo acerto.

Por hoje fico por aqui. Prezamos pela concisão e síntese. Tentei ser o mais sintético possível, mas a história é grande. Semanalmente você verá algo novo na Dois Pontos e, mensalmente – mês par eu, mês ímpar o Matheus – editoriais (mais curtos, prometo). Você pode, ainda, acompanhar nosso Blog Ps e nosso Twitter, @Dois_Pontos, por lá nos falamos mais. Contribua, divulgue, elogie e, principalmente, critique, por favor.

Ah! Esqueci de explicar uma coisa, que deverá sempre voltar aos editoriais. O porquê do nome “Dois Pontos”. A razão – a primeira delas, ao menos – é simples. Depois de dois pontos sempre tem alguma coisa: descubra!

Simião Castro
Aprendiz e Editor

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