Agora, sim, é opção
por Mickael Barbieri
Este texto não tem a fala de especialistas. Tampouco de ministros do Supremo Tribunal Federal. Advogados, políticos, padres, pastores ou representantes de grupos pró e contra o reconhecimento da união estável homossexual: não, leitor, você não os encontrará aqui. Isso, porque já há tantos espaços dedicados às opiniões deles que os textos sobre este assunto tornaram-se viciados, ou viciosos, no sentido de que os jornalistas procuram, a todo tempo, escapar dos clichês, mas este esforço acaba por se tornar, também, piegas. Não se trata de credibilidade, mas oportunidade. Muito se falou desde o dia cinco deste mês, quando foi aprovada a união de forma unânime, mas aqueles do “para quem se diz” gostariam, também, de expor suas opiniões.
É o que fez a estudante Ana Maria Sampaio, de 28 anos, enquanto passava uma tarde de domingo na praça de Mariana. Também a dona-de-casa Cleuza de Souza, 41, que aproveitava o sol baixo para sentar frente a sua casa e olhar os filhos brincando. E ainda as duas trabalhadoras de serviço gerais, Rosilene Pontes e Adriana Pontes, 27 e 32 anos, quando esperavam o ônibus junto do chefe de transportes Ronildo da Silva, 31, e da lavadora Marlene da Silva, 60. Pessoas, até então, desconhecidas, que não se importaram em interromper afazeres para prontamente falar sobre o assunto. As opiniões foram muitas, como de costume quando é esse o assunto, convergentes, divergentes e, até, construtivas em relação às outras. Alguns estavam de acordo por não terem preconceitos enquanto outros não aceitavam bem por motivos religiosos. Mas quando a pergunta era sobre o que a união estável homossexual impactava suas vidas, a resposta de todos foi uma só: “não muda nada”
Essa dificuldade em se discutir a união entre pessoas do mesmo sexo é, principalmente, por conta da conceituação de família. O vínculo sexual entre homem e mulher é muito valorizado pelos que argumentam sobre o tema: de um lado, é indispensável; do outro, um detalhe que não se sobrepõe à afetividade. Normalmente, não há um resultado equilibrado por se tratar de um diálogo de surdos, com personalidades duras e taquilálicas, mas que não se ouvem. Esta questão jamais foi recente, tendo indícios em tragédias gregas como Édipo Rei, em que o protagonista Édipo desposa a mãe Jocasta e tem com ela vários filhos após ter assassinado seu pai Laio. O final sanguinolento deste personagem, que inspirou Freud em seus trabalhos de psicanálise, pode ser interpretado como sendo a maneira do autor Sófocles expressar sua opinião sobre os laços parentais e sua importância por volta do ano 400 a. C.
Um detalhe importante a ser ressaltado é que a união estável homoafetiva em nada quer dizer casamento homossexual. As bases que constituem este sacramento, pelo religioso, e este contrato jurídico entre duas pessoas, pelo civil, não são contestadas e continuam as mesmas. Provavelmente, muitos conhecem pessoas que decidiram moram na mesma casa, mas sem dar entrada nos processos necessários para que o casamento acontecesse. Assim, eles amigaram, assumiram responsabilidades de forma conjunta, mas não eram reconhecidamente um casal até 1988. A geração das Diretas Já! teve de discutir isso até que a Constituição Federal desse proteção estatal à essas pessoas e reconhecesse a união estável entre homem e mulher como sendo uma entidade familiar – artigo 226 art. § 3.º da Constituição. A união homossexual é o concubinato do século XXI, cujos direitos não são diretamente assegurados por uma lei, mas permite a validação desses por uma apelação ao STF.
Na Grécia antiga a homossexualidade era algo muito comum, e também foi assim na maioria dos povos politeístas, apenas depois da expansão do cristianismo o conceito de família como conhecemos hoje foi intensificado e comportamentos que não condiziam com os preceitos passaram a ser condenados… Eu acho isso triste pois no fundo do poço os preceitos cristão são os mais puros e complacentes com o próximo, porém os homens conseguiram transformar isso por exemplo. na inquisição, triste.