Altos e baixos da siderurgia

February 3rd, 2013Trilha do minérioNenhum comentário »

Da era JK à onda privatista do governo Collor, Usiminas segue humores do mercado mundial de aço

Vista aérea da Usina Intendente Câmara, em Ipatinga. Na parte superior da imagem, a Estrada de Ferro Vitória a Minas faz o contorno da planta industrial. Na parte inferior, o recorte é feito pelo Rio Doce. (Imagem: Google Maps).

por Mateus Fagundes
Líder no mercado nacional de aços planos, dona de um dos maiores complexos siderúrgicos da América Latina e com capacidade para produzir 9,5 milhões de toneladas de aço por ano. Em 50 anos de existência, as Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) tiveram uma trajetória marcada pela flutuação do mercado mundial do aço.

Em 2011, o sistema Usiminas teve lucro líquido de R$ 404 milhões, um terço do conquistado em 2009. O valor de mercado da empresa é estimado em R$ 10,5 bilhões. A crise mundial de 2008 afetou o mercado mundial de siderurgia. A empresa diminuiu de tamanho, mas manteve o lucro. Veja nos gráficos abaixo:

A produção do aço tem foco no mercado interno. Em 2011, 89,6% da receita bruta da empresa veio de operações no Brasil. O restante, 10,4%, das exportações para países como a Argentina, Chile, China e Estados Unidos.

O sistema Usiminas atua também nas áreas de transformação do aço e bens de capital, além de produzir todo o minério que é consumido na siderurgia, por meio de uma mina em Itatiaiuçu, no Quadrilátero Ferrífero.

O conglomerado de empresas, que surgiu da Usina de Intendente Câmara, em Ipatinga (MG), atua também no Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo. Em Cubatão, litoral paulista, situa-se a segunda planta de produção de aço, nas instalações da antiga Companhia Siderúrgica de São Paulo (Cosipa). Ao todo, em 2011, o complexo contava com 30.951 funcionários diretos e 20.297 terceirizados.

Privatização
A empresa começou a ser construída no então distrito de Ipatinga, em 1956, por meio de uma parceria entre o Governo Federal e empresários japoneses. Ali, cumpriu o seu papel na política desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubistchek: agregar valor ao minério de ferro por meio da produção de aço.

Em 1962, a planta da Usiminas foi inaugurada. Ipatinga emancipou-se logo após. A usina cresceu e criou um novo polo industrial em Minas: o Vale do Aço. A indústria siderúrgica brasileira atravessou bons momentos nas décadas de 1960 e 1970, chegando a se tornar líder na produção na América Latina, em 1966.

Mas o setor entrou em crise nos anos 1980. A produção industrial dos países europeus e dos Estados Unidos sofreu retração, com reflexos no mundo todo. O mercado mundial do aço era dominado por empresas estatais – cerca de 75% do controle das empresas estava nas mãos de governos. Diante da recessão, a solução encontrada pelos governantes era a privatização.

A Usiminas foi a primeira empresa estatal brasileira privatizada dentro da política de desestatização do governo Collor. Em 24 de outubro de 1991, foi vendida por US$ 1,74 bilhão. Em 20 anos, a companhia dobrou de tamanho. Hoje responde a quase 20% do mercado do aço no Brasil. Ela incorporou outras empresas do setor – como a Cosipa, que era sua concorrente – e hoje tem controle de toda a cadeia do aço (da extração do minério de ferro até a exportação).

O grupo japonês Nippon Steel e o ítalo-americano Ternium-Tenaris tem o controle do capital votante da empresa, ao lado dos fundos de pensão Usiminas. Veja os detalhes no gráfico abaixo:

Raio X Usiminas
Razão social: Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A.
Fundação: 25 de abril de 1956
Inauguração: 26 de outubro de 1962
Valor de mercado: R$ 10,5 bilhões (2011)
Lucro: R$ 404 milhões (2011)
Número de funcionários: 30.951 (diretos) e 20.297 (terceirizados)
Atuação: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia.

Fontes:
Relatório Anual Usiminas, 2011.
Rio Doce, a espantosa evolução de um vale. Marco Antônio Tavares Coelho, 2011, Editora Autêntica.
Impactos da privatização no setor siderúrgico, Maria Lúcia Amarante de Andrade e outros, 2001, BNDES

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