Vitória, cidade cais
por Mateus Fagundes e Simião Castro
Desde o início de sua colonização, no século XVI, a Ilha de Vitória teve sua vocação voltada para o mar. Os portugueses utilizavam daquele povoamento para se protegerem da invasão de franceses e ingleses. Nos seus primeiros 300 anos, o local era uma vila-porto, dedicado à proteção do território.
Em 1870, foi construído o primeiro porto de grande embarcação no município: o Porto de Vitória. Anos mais tarde, em 1910, empresários ingleses proprietários da Itabira Iron Ore assinaram um acordo com a administração do terminal para utilizá-lo na exportação de minério de ferro das minas do Quadrilátero Ferrífero. Até então, o local era voltado para o escoamento de produtos agrícolas do Espírito Santo, como a madeira e o café.
Para concretizar o plano, os ingleses já haviam comprado as ações da Estrada de Ferro Vitória a Minas – e desviado o seu trajeto para o centro do território mineiro. Por conta de uma pendência diplomática, somente em 1940 que as primeiras embarcações de minério chegaram ao Porto de Vitória. Em 1942, com a instituição da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), o terminal passa a ser parte fundamental das operações da empresa.
Tubarão
No entanto, nos anos 1950, foi constatado que o Porto de Vitória já não mais conseguia atender a demanda e a ambição da CVRD. Em 1961, com a nomeação de Eliezer Batista como seu presidente, a empresa começou a construção de um novo terminal marítimo: o Porto de Tubarão, que foi inaugurado cinco anos mais tarde.
Integrado por um ramal à Estrada de Ferro Vitória a Minas, que leva o minério até as usinas de pelotização, foi ele que possibilitou que a Vale se tornasse uma das maiores mineradoras do mundo. O complexo mina-ferrovia-porto estava formado.
Tubarão é hoje o maior porto exportador de minério de ferro no mundo. Mais de mil navios atracam no local por ano. Em 2011, foram 110 milhões de toneladas de cargas movimentadas. O mineral é o principal produto exportado, 102 milhões de toneladas. O restante é dividido em grãos e combustíveis também escoados pelo terminal.
Veja fotos da praia de Camburi e da Usina e Porto de Tubarão abaixo.
Poluição
A movimentação de minério de ferro no Porto de de Tubarão não trouxe apenas benefícios à economia capixaba. Em mais de 40 anos de operação, mais de 150 mil de metros cúbicos de minério de ferro foram acumulados no fundo do mar e na praia de Camburi, por conta do despejo que a Vale fazia no mar. Em 2011, a empresa anunciou que iria fazer a retirada do metal e esperava a licença do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) para a operação.
Outra forma de poluição também preocupa os moradores – e foi transformada em arte-protesto. A emissão de partículas de sólidos pelas chaminés da Vale, na unidade da empresa em Tubarão, em Vitória, causou a criação de vários movimentos de combate à atividade. Exemplo disso são os perfis no Facebook “Pó Preto Vitória ES” e, mais recentemente, “SOS Espirito Santo Ambiental” que se caracteriza como a “união de vários seguimentos da sociedade civil organizada que se uniram com o simples intuito de dar mais qualidade de vida e saúde ao cidadão capixaba”.
Abaixo, veja vídeo da intervenção “A Vale, a vaca e a pena.”
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